quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Os farois de Íris

Os olhos azuis brilhavam encantando a mãe. Como farois iluminavam o berço para o deleite do irmão mais velho, até então filho único. A garotinha chegou deixando em festa a casa grande da fazenda. E passou a ser atração nas redondezas pela beleza rara.

O pai mostrava sorriso largo sempre que trazia a bonequinha Íris para junto do peito. Abraçava, beijava, embalava até a princezinha cansar e dormir feliz. Choro era apenas para avisar que estava na hora de mamar. O leite farto da mãe alimentou a filha até depois dos 2 anos.

Íris veio como um presente especial para Pedro, 32 anos, e Francisca, 28. Casaram-se quando mal se despediam da adolescência. Ele, aos 21, dono de um pequeno sítio herdado do pai. Ela, aos 19, costureira de mão cheia. Os dois se dedicavam ao trabalho para viver de forma decente.

Pedro Júnior nasceu um ano após o casamento. Era o príncipe de olhos castanhos que encantava as meninas da vizinhança. O desejo era construir uma grande família, mas o destino não quis assim. Passaram-se 11 anos até a chegada de Íris.

Os pais tinham perdido a esperança de ter nova criança em casa. Mas certo dia Francisca percebeu que estava grávida. A notícia logo se espalhou. Teve início a torcida para Deus mandar uma menininha. O nome foi escolhido. E o enxoval - rosa, amarelo e branco - traduzia a felicidade na casa.

Íris chegou em fevereiro de 1940 e logo, logo, exibiu o sorriso contagiante. Antes de completar 1 ano já estava caminhando. Mas aos 3 ainda não falava preocupando os pais. Foi aí que o médico da família constatou a surdez da caçula de Pedro e Francisca.

A tristeza só não foi maior porque os olhos da menina irradiavam luz por onde passava. Os pais cercaram a filha de carinho para que ela crescesse feliz. Os farois de Íris brilham como água marinha. Seus lindos olhos falam. (Foto: Flickr)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O tempo é

O tempo,
o que é
o tempo?
Quando não
se tem tempo
ou há tempo.
Ninguém vê,
ninguém sente.
Onde está
o tempo?
Passado,
presente,
futuro
do tempo.
Qual tempo?
O meu,
o seu.
O que é
o tempo?
Não sei
ou sei!
Viajo
no tempo,
efêmero,
eterno,
mutante,
pulsante,
vibrante.
Cadê
meu
tempo?
E o seu
tempo?
O nosso
tempo?
Vazio,
pleno.
Onde está
o tempo?
Não sei
ou sei!
O tempo foi,
o tempo vem,
vai ou vem?
O tempo
não vai,
o tempo
não vem,
O tempo é.
Do nosso
jeito.
No nosso
peito.

Foto: Flickr



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Eles tem ou eles têm?

Eles tem ou eles têm? Eles vem ou eles vêm? Quem imagina que o circunflexo desapareceu, na terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e vir, se engana. As principais alterações da nova ortografia, é verdade, são relacionadas ao uso do hífen e acentuação gráfica. Mas nos exemplos acima tudo continua igual.

É mais uma das pegadinhas da Língua Portuguesa. Até assimilar as normas estabelecidas os equívocos são compreensíveis. Até outro dia eu estava certa de que o circunflexo tinha desaparecido nas duas situações descritas. Ao consultar um manual sobre as alterações percebi o grande engano. Ainda bem...

Na página Uol Educação uma tabela traz regras acordo com a nova ortografia. É uma dica para ajudar no momento em que aparecem duvidas quanto ao uso do hífen, trema ou acentos. Outro site é o Ortografa. Recomendo colocar as duas fontes de pesquisa na área de favoritos. Assim fica prática a consulta na hora de escrever.

A assimilação das novas regras depende de tempo. Ninguém vai dominá-las automaticamente. Portanto não adianta decorar. O melhor é saber onde verificar a ortografia de determinada palavra quando sentir necessidade. As consultas vão continuar até que, sem perceber, as mudanças fiquem guardadas num cantinho da memória.