Passou muito tempo, mas as recordações da traquinagem da dupla estão vivas na memória. A estagiária do Magistério penou nas mãos dos alunos mais danados na sala de aula. Talvez, por isso mesmo, não consegue esquecer de Pedro, então com 11 anos, e Antonia, 10. Ele, negro, esquelético. Ela, gordinha, morena clara.
Os dois não davam sossego à estudante que cursava o último ano do 2º grau e não tinha segurança do futuro profissional. A única certeza era a necessidade de cumprir todo o estágio para ter boa nota e, finalmente, receber o diploma. Sua grande dificuldade foi encarar a indisciplina da turma da 4ª série.
Os alunos, praticamente todos, faziam muito barulho e arruaça. Nada igual ao comportamento de Pedro e Antonia. A dupla não dava descanso. Corria pela pequena sala, gritava e desafiava a futura professora. Numa dessas peraltices acabou passando uma rasteira. Sabe o que houve? A normalista foi ao chão. Raivosa, decepcionada, repreendeu como pode, fez sermão e ficou de cara feia.
No final do mês uma grande surpresa. Imagine quem tirou as melhores notas em todas as disciplinas? Se pensou em Pedro e Antonia, acertou. A estagiária custou a entender como meninos tão inquietos nas aulas tiveram desempenho escolar tão bom. Tudo acima de 9 em Matemática, Português, Geografia, História, Ciências...
Passadas algumas décadas, ela percebe melhor esse processo. Talvez os assuntos não fossem do interesse da dupla, que possivelmente gostaria de temas novos nas aulas. A normalista de antes ainda hoje se recorda da experiência. E preserva o nome dos estudantes que mais trabalho deram na fase do estágio. Não se lembra de nenhum outro nome. Lembra de Pedro e Antonia. Os outros se perderam na história.
Senti a sua falta la no blog Graça, tem matéria nova.
ResponderExcluirMe fez lembrar o quanto eu era retado! rsrs
Abraços