“Hoje eu tenho um norte na vida. Ficou para trás aquele menino que foi gerado numa cela de penitenciária, que foi criado sem pai nem mãe, que parecia não ter futuro. Também ficou para trás aquele cara cheio de dúvidas, de incertezas. Elas já não existem mais. Os estudos me ajudaram muito. Percebo mudanças em mim e creio que essas mudanças são visíveis por todos que me conhecem.”
Este é um trecho do epílogo do livro Proeja – O aluno, de Sidney Dias de Oliveira, 36 anos. Na publicação, ele descreve como um curso do Programa de integração profissional técnica de nível médio na modalidade de jovens e adultos (Proeja) modificou completamente a sua vida.
Sidney faz o curso na área de eletrônica no campus Florianópolis, do Instituto Federal de Santa Catarina. Nos primeiros semestres, ele foi aluno da professora de português Esterzinha Pereira Gevaerd, que o apoiou no seu projeto de escrever o livro, lançado este ano dentro das comemorações do centenário do Instituto.
No livro, Sidney conta a sua sofrida trajetória de vida. Ele foi concebido numa cela de penitenciária, numa das visitas íntimas a que seu pai tinha direito. A mãe morreu prematuramente, quando ele tinha 2 anos de idade.
“Sinto-me como uma pedra bruta, que durante esses três semestres foi lapidada pelas mãos de mestres, doutores da arte do saber. Sinto-me como ouro bruto que, ao ser jogado ao fogo, purifica-se, queima todas as impurezas e sai jóia rara. Todos percebem a diferença antes e depois do IFSC”, conclui Sidney, que trabalha como autônomo em cinco empresas da capital catarinense.
Esterzinha vê no fato de um curso do Proeja ter transformado a vida de um aluno o reconhecimento do trabalho desenvolvido desde 2006. “São fatos como esse que nos impulsionam a continuar lutando por essa modalidade de educação: jovens e adultos afastados do processo educacional ou com escolarização incompleta, marginalizados social e economicamente”, disse Esterzinha.
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