quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Banho de rio

Como era bom descer a ladeira, acompanhada da mãe, dos irmãos e das pessoas que ajudavam no batente da casa grande!

A tarde costumava ser de festa quando o programa era tomar banho de rio. Biquínis e maiôs, nem pensar. O traje das meninas era a calcinha; para os meninos, bermuda. A mocinha da família, a mãe e as outras adultas ficavam de sutiã e anágua. Isto, quando não se lançavam ao rio de vestido e tudo.

A sensação de prazer aos poucos tomava conta dela. Os pés sentiam a areia, sinal de que o rio estava cada vez mais perto. Delícia maior era a água fria ir se apoderando do corpo lenta e suavemente. Primeiro, os pés. Em seguida as mãos, que iam molhando outras partes. Depois nada melhor do que mergulhar e tentar nadar. Em lugar raso. Pois o rio grande e largo intimidava - nas épocas chuvosas, era como visse o mar que ainda não tinha conhecido.

A turma fisgava piabas improvisando armadilha com uma garrafa de vinho. Colocava um pouco de farinha e segurava a garrafa na água. Os peixinhos entravam. Era grande a alegria. Outra boa farra era saborear a fruta do ingazeiro que fazia sombra gostosa na beirinha do rio.

Publicada originalmente em Sintonia,
Caderno de Poesias e Crônicas,
de minha autoria, em 2002.
Imagem: Alfredo Almeida Coelho da Cunha / Olhares Fotografia On Line

Um comentário:

  1. Cenário encantador, a juventude despreocupada, o contato com a natureza, o alimento extraido na fonte... há muito puco disso hoje em dia.

    Abraços

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