Não dava mais para recusar pauta que dependesse de voo. Até então, diante de qualquer possibilidade, a resposta era rápida: "Pode me demitir, mas não viajo". Mas quando a TV foi transmitida, pela primeira vez, num distante município baiano, mais perto de Brasília do que de Salvador, foi impossível repetir o não.
O chefe de reportagem, do alto de seus quase 1,90 m, determinou: "Tem viagem para Barreiras e você vai". Tremendo perguntei: "É de avião?" A resposta seca foi o sim. Mesmo sabendo da impossibilidade de aeronave de médio porte pousar na cidade, ainda perguntei: "O avião é grande?" Ele afirmou sim só por dizer enquanto eu, sem argumento, fui para casa arrumar a mala e seguir para o embarque.
Menos de duas horas depois estava na pista das pequenas aeronaves. Como um arco-íris, minha cor variava entre a palidez, o vermelho, o amarelo... O coração disparado só faltava sair do corpo. Mal respirava dominada pelo medo de voar.
O pavor era tão forte que, na infância, fiquei do lado de fora quando um grupo de estudantes do então primário foi conhecer um avião de perto. A gente sabia que a visita era só para ver aquela máquina metálica voadora. Mas não confiei. Temia que, por alguma razão, voaria mesmo sem comandos.
Na vida adulta o medo continuou, mas as circunstâncias levaram a enfrentá-lo. Então lentamente subi a escada, junto com outras cinco pessoas, além do piloto e o co-piloto. Em minutos, o minúsculo avião se afastava do chão, roncava e rumava em direção às nuvens.
A viagem foi tranquila até se aproximar de Barreiras. Por lá o medo quintuplicou. Não era turbulência. Era bem pior. O avião perdia altura e eu tinha a sensação de que cairia. Rezava, pedia proteção a todos os santos e achava que aqueles eram os últimos minutos da minha vida.
Nesse clima, o avião pousou em Barreiras. Fiquei aliviada, ao menos, até o retorno a Salvador. Dois dias depois chegamos novamente à pequena pista sem pavimentação. A segurança era tão precária que roubaram gasolina do avião. Foi preciso reabastecer para o novo embarque.
Na volta, a história foi só um pouco menos assustadora. Chovia muito e o aviãozinho trepidava parecendo carro numa estrada esburacada. Enfim chegamos à capital e passei a voar em outras ocasiões. Até hoje, qualquer tremorzinho que aparece, agarro as mãos de quem estiver ao lado. Seja padre, freira, homem, mulher, adulto, jovem, velho, criança... Só assim fico mais confiante. (Foto: Flickr)
O chefe de reportagem, do alto de seus quase 1,90 m, determinou: "Tem viagem para Barreiras e você vai". Tremendo perguntei: "É de avião?" A resposta seca foi o sim. Mesmo sabendo da impossibilidade de aeronave de médio porte pousar na cidade, ainda perguntei: "O avião é grande?" Ele afirmou sim só por dizer enquanto eu, sem argumento, fui para casa arrumar a mala e seguir para o embarque.
Menos de duas horas depois estava na pista das pequenas aeronaves. Como um arco-íris, minha cor variava entre a palidez, o vermelho, o amarelo... O coração disparado só faltava sair do corpo. Mal respirava dominada pelo medo de voar.
O pavor era tão forte que, na infância, fiquei do lado de fora quando um grupo de estudantes do então primário foi conhecer um avião de perto. A gente sabia que a visita era só para ver aquela máquina metálica voadora. Mas não confiei. Temia que, por alguma razão, voaria mesmo sem comandos.
Na vida adulta o medo continuou, mas as circunstâncias levaram a enfrentá-lo. Então lentamente subi a escada, junto com outras cinco pessoas, além do piloto e o co-piloto. Em minutos, o minúsculo avião se afastava do chão, roncava e rumava em direção às nuvens.
A viagem foi tranquila até se aproximar de Barreiras. Por lá o medo quintuplicou. Não era turbulência. Era bem pior. O avião perdia altura e eu tinha a sensação de que cairia. Rezava, pedia proteção a todos os santos e achava que aqueles eram os últimos minutos da minha vida.
Nesse clima, o avião pousou em Barreiras. Fiquei aliviada, ao menos, até o retorno a Salvador. Dois dias depois chegamos novamente à pequena pista sem pavimentação. A segurança era tão precária que roubaram gasolina do avião. Foi preciso reabastecer para o novo embarque.
Na volta, a história foi só um pouco menos assustadora. Chovia muito e o aviãozinho trepidava parecendo carro numa estrada esburacada. Enfim chegamos à capital e passei a voar em outras ocasiões. Até hoje, qualquer tremorzinho que aparece, agarro as mãos de quem estiver ao lado. Seja padre, freira, homem, mulher, adulto, jovem, velho, criança... Só assim fico mais confiante. (Foto: Flickr)
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