terça-feira, 28 de julho de 2009

Releituras sensuais

De leve, meu rosto
passeia sobre o peito.
Sente o frescor e
a sensualidade dos pelos.
Roço a pele macia
e desfruto inteira
o prazer dessa fusão.
Sem pensar,
vivo a entrega.
Na pele, no ar, no olhar.


Mãos macias e quentes
tocam meu rosto
com carinho especial.
Sinto o calor que sobe
para o peito,
domina braços e mãos,
invade todo o corpo
e me torna uma
fogueira que se derrete
no jogo da sedução.


No peito aberto recebo
colo de um gesto terno.
No giro, o olhar inteiro
mergulha em mim.
No abraço,
o sabor da entrega.
Na dança,
o deleite da fusão.
E no beijo de despedida
o desejo de novo encontro.

Publicado originalmente em
Sintonia, Caderno de Crônica e Poesia,
de minha autoria.

Foto: Nuno Filipe / Olhares Fotografia Online

sábado, 25 de julho de 2009

Estrela-guia

Minha mãe,
do lugar mais
nobre do meu
coração, ofereço
a você esta prece.
Em homenagem
à mulher corajosa
e generosa.
Boa esposa,
boa mãe.
Para os filhos
do ventre
e dos que recebeu
de presente.
Avó, bisavó, cheia
de netos e bisnetos.
Filha guerreira,
irmã sempre
companheira.
Amiga de sorriso
aberto para toda
e qualquer hora.
Esta data é eterna
na memória.
Faz um ano,
mas parece que
foi ontem.
Você se despediu
e para outro
mundo partiu.
E nunca ficou
ausente mesmo
sem a presença.
Porque você foi,
é e será sempre
minha grande
estrela-guia.


Poesia em memória da minha mãe,
que
partiu em 25 de julho de 2008.
Foto: Regis Capibaribe


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Na janela

Passarinho
na janela
convida para
o novo dia.
Assovia, assovia
cheio de alegria.
Canta de lá,
canto de cá.
E nasce
outra canção
embalada
na emoção.
Bate as asas
leve e solto
em simples
despedida.
Vive plena
liberdade.
Voa baixo,
voa alto.
E sempre
está de volta
em outro
amanhecer.
Pousa na
janela só
pra cantar,
cantar e cantar
porque tem
o prazer de
me acordar.

Imagem: Olhares Fotografia On line



domingo, 19 de julho de 2009

Silêncio

Silêncio,
não absoluto,
mas intenso.
De novo
o aconchego
do ventre.
Só o vaivém
da respiração.
E o tic-tac
do coração.
Reencontro
interno
devolve paz.
Necessária,
oportuna
e bem-vinda.
Recolhimento,
e a lágrima seca.
Devolve a vida,
nasce este poema.
Que emerge
pronto.
Da escuta
atenta
do silêncio.
Da viagem,
sem roteiro,
ao útero.


(Ilustração: Stock photo: Blue Space Wave)




sábado, 18 de julho de 2009

Site tira dúvidas sobre mudança ortográfica

Acabei de saber agora vendo o programa Link Brasil, transmitido pela TV Record News, de uma dica super-legal para quem escreve no dia a dia e, de repente, se depara com uma dúvida em relação à mudança ortográfica: é o Ortografa! (http://www.ortografa.com.br/). O gestor do site explica que o Ortografa! nasceu de uma "súbita ideia" quando o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa começou a ser adotado no início deste ano.

O processo de consulta é bem simples: basta digitar uma palavra, frase ou período de até 500 dígitos, no campo de texto e clicar em "Ortografa!". Aí o sistema entra em ação e troca as expressões para a grafia correta destacando em amarelo o equívoco. E, se você clicar no que aparece assinalado, surge uma janelinha verde com a explicação. Fiz o teste e gostei. É muito útil principalmente quando surgem incertezas quanto à acentuação e ao hífem. (Foto: Regis Capibaribe)

Giros no baile

Giros, giros, giros. Saltos e saltos. Ela, 70 anos e mais. Ele, 35 e pouco. Mulher e marido fascinam quem está na festa. Outros casais na pista dividem o mesmo espaço, mas observam. Quem está sentado não tira o olho. Todos contemplam a dupla de professores, a entrega plena na dança de salão.

Bolero, valsa, samba, forró, salsa, lambada, axé... Qualquer música convida o casal. Melhor se o ritmo induz movimento rápido. O gestual, a sincronia, tudo na hora e no lugar certo. Mãos entrelaçam, soltam e se reencontram. Sem desviar o olhar, sem perder a intimidade, a celebração na dança.

Entre um passo e outro, esbanja criatividade para fascínio de quem está ao redor. Rápido ela dá outro e impressionante giro, dessa vez, bem acima do solo. Ele a envolve num abraço, a dança continua e a diferença de idade desaparece.

Os dois têm igual disposição quando chegam ao bar com música ao vivo sem a luz negra das boates. São frequentadores, e não atrações contratadas pela casa. Esses professores de dança de salão se divertem na noite fazendo o que mais gostam. Bailando, se reinventando em cada passo, na troca de olhares, sedução, prazer, fusão.

Da platéia, foco minha atenção nos bailarinos. Vivo o êxtase. Meu olhar segue todo cantinho do salão por onde eles rodopiam. E me vejo adolescente. Contemplo casais dançando no principal clube da cidade. Bolero, valsa, tango. Também forró, baião.

A banda acelera o ritmo, internalizo a música, sinto cada nota invadindo a respiração, os poros, face, braços, pernas, pés, o corpo, a mente, a alma. A timidez vai embora. Deixo a mesa vazia e rodopio no salão. (Foto: allfreephoto.com)

domingo, 12 de julho de 2009

Presença


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Não sei
por onde anda,
mas sinto
que escuta.
Mesmo longe
está perto.
Distância não
separa almas
nem impede
voos de ternura.
Coração bate
em sintonia.
Longe ou perto,
constante
presença na
minha sinfonia.
(Foto Regis Capibaribe)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Texto criativo nasce do desejo

O texto nasce espontâneo. Não é e nem pode ser imposto. De repente, a ideia abandona esse ambiente individual do pensamento e alcança espaços infinitos. Ganha formas variadas. Manuscrito, digitado, pintura, desenho, música, sinal, código, ícone ou o que mais a imaginação sugerir. Toda essa gama de expressões configura textos, que podem ser lidos, contemplados, escutados, elogiados, criticados pelo receptor da mensagem.

Se o texto germina a partir da criatividade não tem como ser feito por obrigação. Mas há meios de estimular o potencial - muitas vezes adormecido em decorrência do medo da receptividade do leitor. Às vezes, a insegurança surge em sala de aula, onde alunos temem fazer um texto, e recebê-lo do professor marcado de vermelho acompanhado de uma nota baixa. Outras tantas vezes decorre do receio de se revelar, de se mostrar ao mundo.

Recordo-me de uma experiência cheia de traumas quando estudava o antigo Ginásio. A professora de Português encarregou os alunos de escrever um romance em pleno período de férias. Para isso, dividiu a classe em equipes. E as colegas do meu grupo logo começaram a engrenar uma ficção "água com açúcar" em capítulos.

Vivi maus momentos. Tímida, não dava asas à imaginação. Nada expressava no caderno porque nenhuma ideia aparecia. Uma colega, Glória, se ofereceu para escrever a parte que me competia no "castigo" das férias. Isso não representou a solução do problema, pois a segunda etapa era a apresentação, em sala de aula, do que foi escrito por cada integrante da equipe.

Nunca sofri tanto. Era uma segunda-feira, de manhã nublada, quando nossa equipe foi chamada à frente da sala. Na minha vez, silêncio absoluto. Eu tremia com o caderno na mão. E o silêncio foi a única forma de expressão. A voz não saia, mas o corpo falava. Externava a frustração, a vergonha. Não conseguia mentir. Não conseguia ler algo escrito por uma colega como se fosse feito por mim. Não conseguia enganar a professora. Nem a classe.

O relato é só para ilustrar que o ato de escrever não deve nem pode ser obrigatório. Nasce do desejo interno. Ou de uma motivação externa interessante. Caso contrário, ao invés de estímulo, pode bloquear a criatividade. Levei tempo para superar o medo e permitir à minha alma viajar com as palavras. (Foto: Regis Capibaribe)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Nasce uma nova comunidade literária

Olha aí um novo espaço para divulgação de criações literárias. Recém-criado, o site Sala de Leitura é dedicado aos escritores brasileiros e aos amantes da literatura, como está descrito na home page. A comunidade literária tem o propósito de reunir escritores de diversos gêneros para publicação de textos, discutir os rumos da literatura, contribuir com a divulgação de eventos e promover a melhoria contínua da comunidade literária.

De acordo com a apresentação do site, os autores já publicados encontram no espaço oportunidade de se relacionarem diretamente com os leitores. Os autores inéditos (amadores ou profissionais) tem chance de mostrar o seu talento. "Sala de Leitura é o seu espaço na web - a sua comunidade literária, construída pelos próprios usuários. Portanto colabore, contribua, poste seus textos, promova debates, faça as suas críticas literárias e traga, sempre que desejar, novos amigos", convida os organizadores. O endereço é http://www.saladeleitura.com.br/ Eu já me cadastrei.