quarta-feira, 22 de abril de 2009

Viagem ao mundo de Gabriel García Márquez

Releio no momento Cheiro de Goiaba - Conversas com Plinio Apuleyo Mendoza, de Gabriel García Márquez (Editora Record, 1982, 3ª edição). Além da leitura agradável, o livro possibilita conhecer boa parte da vida do jornalista e escritor, que se tornou conhecido mundialmente com a publicação de Cem Anos de Solidão em 1967.

Em Cheiro de Goiaba, Márquez fala da infância, das vivências numa redação de jornal, da formação literária, do processo de construção de suas obras, da fama, do poder. “Qual foi o seu propósito quando se sentou para escrever Cem Anos de Solidão?” À pergunta do amigo de juventude Apuleyo, ele responde: “Dar uma saída literária, integral, para todas as experiências que de algum modo me tivessem afetado durante a infância”.

Alguns aspectos abordados na página 67 são a linguagem e a técnica, consideradas pelo autor, instrumentos determinados pelo tema de um livro. Em Ninguém Escreve ao Coronel, Veneno da Madrugada e em vários contos de Os Funerais da Mamãe Grande, explica, a linguagem é concisa, sóbria, “dominada por uma preocupação de eficácia, tirada do jornalismo”. Já em Cem Anos de Solidão, ele usou linguagem mais rica para enveredar por outra realidade, “que convencionamos chamar mítica ou mágica”.

O gosto pela literatura nasceu do prazer de ler poesias. Márquez lia de tudo. Da poesia ruim à popular. “Nos manuais de castelhano do colégio, descobri que gostava tanto de poesia quanto detestava a gramática”, admitiu. Aos 19 anos leu A Metamorfose, de Franz Kafka, e o romance passou a interessá-lo. Aí decidiu ler romances escritos desde o início da humanidade.

Essa vivência de Gabriel García Márquez é um exemplo da importância da leitura para quem pretende produzir textos ou já exerce essa prática. Ninguém começa a escrever da noite para o dia. O dom apenas não basta. Mais do que isso, é necessário estudar, ou melhor, ler, ler e ler.

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