O texto nasce espontâneo. Não é e nem pode ser imposto. De repente, a ideia abandona esse ambiente individual do pensamento e alcança espaços infinitos. Ganha formas variadas. Manuscrito, digitado, pintura, desenho, música, sinal, código, ícone ou o que mais a imaginação sugerir. Toda essa gama de expressões configura textos, que podem ser lidos, contemplados, escutados, elogiados, criticados pelo receptor da mensagem.
Se o texto germina a partir da criatividade não tem como ser feito por obrigação. Mas há meios de estimular o potencial - muitas vezes adormecido em decorrência do medo da receptividade do leitor. Às vezes, a insegurança surge em sala de aula, onde alunos temem fazer um texto, e recebê-lo do professor marcado de vermelho acompanhado de uma nota baixa. Outras tantas vezes decorre do receio de se revelar, de se mostrar ao mundo.
Recordo-me de uma experiência cheia de traumas quando estudava o antigo Ginásio. A professora de Português encarregou os alunos de escrever um romance em pleno período de férias. Para isso, dividiu a classe em equipes. E as colegas do meu grupo logo começaram a engrenar uma ficção "água com açúcar" em capítulos.
Vivi maus momentos. Tímida, não dava asas à imaginação. Nada expressava no caderno porque nenhuma ideia aparecia. Uma colega, Glória, se ofereceu para escrever a parte que me competia no "castigo" das férias. Isso não representou a solução do problema, pois a segunda etapa era a apresentação, em sala de aula, do que foi escrito por cada integrante da equipe.
Nunca sofri tanto. Era uma segunda-feira, de manhã nublada, quando nossa equipe foi chamada à frente da sala. Na minha vez, silêncio absoluto. Eu tremia com o caderno na mão. E o silêncio foi a única forma de expressão. A voz não saia, mas o corpo falava. Externava a frustração, a vergonha. Não conseguia mentir. Não conseguia ler algo escrito por uma colega como se fosse feito por mim. Não conseguia enganar a professora. Nem a classe.
O relato é só para ilustrar que o ato de escrever não deve nem pode ser obrigatório. Nasce do desejo interno. Ou de uma motivação externa interessante. Caso contrário, ao invés de estímulo, pode bloquear a criatividade. Levei tempo para superar o medo e permitir à minha alma viajar com as palavras. (Foto: Regis Capibaribe)
Se o texto germina a partir da criatividade não tem como ser feito por obrigação. Mas há meios de estimular o potencial - muitas vezes adormecido em decorrência do medo da receptividade do leitor. Às vezes, a insegurança surge em sala de aula, onde alunos temem fazer um texto, e recebê-lo do professor marcado de vermelho acompanhado de uma nota baixa. Outras tantas vezes decorre do receio de se revelar, de se mostrar ao mundo.
Recordo-me de uma experiência cheia de traumas quando estudava o antigo Ginásio. A professora de Português encarregou os alunos de escrever um romance em pleno período de férias. Para isso, dividiu a classe em equipes. E as colegas do meu grupo logo começaram a engrenar uma ficção "água com açúcar" em capítulos.
Vivi maus momentos. Tímida, não dava asas à imaginação. Nada expressava no caderno porque nenhuma ideia aparecia. Uma colega, Glória, se ofereceu para escrever a parte que me competia no "castigo" das férias. Isso não representou a solução do problema, pois a segunda etapa era a apresentação, em sala de aula, do que foi escrito por cada integrante da equipe.
Nunca sofri tanto. Era uma segunda-feira, de manhã nublada, quando nossa equipe foi chamada à frente da sala. Na minha vez, silêncio absoluto. Eu tremia com o caderno na mão. E o silêncio foi a única forma de expressão. A voz não saia, mas o corpo falava. Externava a frustração, a vergonha. Não conseguia mentir. Não conseguia ler algo escrito por uma colega como se fosse feito por mim. Não conseguia enganar a professora. Nem a classe.
O relato é só para ilustrar que o ato de escrever não deve nem pode ser obrigatório. Nasce do desejo interno. Ou de uma motivação externa interessante. Caso contrário, ao invés de estímulo, pode bloquear a criatividade. Levei tempo para superar o medo e permitir à minha alma viajar com as palavras. (Foto: Regis Capibaribe)
Graça,
ResponderExcluirSem dúvida que, em algumas pessoas, há uma predisposição inata para para a produção literária que ganha corpo na interação com um ambiente propício. Todavia é possível a qualquer um ser um bom produtor de textos a partir de uma exploração crítica do meio e cultivo da leitura. Pena que nas escolas públicas brasileiras, com raríssimas exceções, não se ensine a escrever para a incorporação dos estudantes à versão social da escrita.
Sérgio,
ResponderExcluirConcordo inteiramente. É uma pena que alunos de escolas públicas ainda sejam orientados para a tipologia de textos, e não aos gêneros, bem mais motivadores e úteis no dia-a-dia. A partir daí pode nascer sim o gosto pela escrita.
Obrigada pelo comentário.
Abraços,
Graça
Sua experiência retrata a experiência de muitas pessoas, há escolas que tolhem a criatividade, traumatizam para sempre, justamente o lugar onde deveria ser a principal fonte de motivação e vivências prazerosas de leitura. Parabéns pelo Blog!
ResponderExcluirAbraço da Bel
Oi Bel,
ResponderExcluirObrigada pelo comentário.
Infelizmente, a realidade de hoje não é muito diferente da que vivenciei numa escola pública, há tantos anos, no interior baiano.
Abraços,
Graça
foi bom me deumuita ajuda
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