sábado, 21 de janeiro de 2012

Sob o Sol de Olivença

Adolescência em flor, crescia o desejo de tomar banho de mar, que tinha visto só uma vez ainda criança. Naquela época, a imensidão da água azul não deu coragem nem de molhar os pés, quanto mais atravessar de barco o trecho entre Ilhéus e Pontal, no sul baiano, como fez a família - ficou no carro com a irmã mais velha até que todos retornassem à terra firme.

Da infância ao despontar da juventude, o receio ficou para trás e o sonho de usar maiô de duas peças (nada parecido com os biquínis de hoje) e se estirar na praia foi crescendo. Um dia o que era vontade se tornou realidade. Meu e de outras garotas...

Ainda nem tinha começado o Verão, quando o grupo chegou a Olivença, distrito de Ilhéus de admirável mar azul. Eu e amigas, o que mais queríamos, era o bronzeado e retornar a Itapetinga, onde vivíamos, mostrando a pele morena, passando por cima de qualquer cuidado para proteger o corpo juvenil.

Sem bronzeador, valia tudo para pegar a cor. Beterraba com dendê, óleo de urucum. Lambuzadas da face aos pés, passamos a sexta-feira sob o Sol, de quase 40 graus. No final do dia, garotas de pela clara igual a leite ficaram da cor de pimentão vermelho. As morenas também sentiram o efeito da imprudência.

Tudo ardia e ninguém tinha hidratante. Dormir em colchonete só piorava a situação, ainda mais porque as muriçocas não davam sossego. Nesse sufoco, os olhos nem precisavam fechar para vir o pesadelo. A noite insone não ia embora.

Para aliviar um pouco, o jeito era passar amido de milho no rosto e em cada pedacinho do corpo. No sábado de manhã, mesmo com a pele clamando distância da praia, lá estava o grupo de novo descendo a ladeira rumo à areia. O ritual se repetia e, besuntadas novamente, insistiam em buscar mais cor.

No retorno a Itapetinga, ao invés do bronzeado, bolhas apareciam por todo o corpo. E logo começaram a estourar. Veio a coceira persistente, a pele soltava. Só restaram manchas que demoraram para desaparecer.

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